ApresentaçãoO Novo Marco Legal do Saneamento (Lei nº 14.026/2020), em vigor desde julho de 2020, foi um avanço importante para colocar o país no caminho da universalização dos serviços de saneamento básico para toda a população até 2033. Para atingir essa meta, estima-se que o Brasil terá de investir em torno de R$ 753 bilhões (Fonte: Quanto custa universalizar o saneamento no Brasil? - KPMG/Abcon).
A União, os estados e os municípios não têm condições de realizar, apenas com recursos públicos, um investimento dessa magnitude na próxima década. A iniciativa privada já foi chamada a participar desse esforço, que tem como objetivo principal transformar a realidade precária em que milhões de brasileiros – especialmente os mais vulneráveis – ainda vivem.
Os investidores e agentes do mercado financeiro, cada vez mais, estão interessados em participar de modelos de negócios conectados ao desenvolvimento sustentável. A visão ESG (Environmental, Social, Governance) está consolidada entre os principais fundos de private equity e ações, bem como no mercado bancário e de capitais em emissões de ações e dívida. Mais recentemente, a sigla em inglês também começou a fazer parte do vocabulário e da estratégia de investidores pessoas físicas – porque agrega valor e traz retornos sólidos no longo prazo.
Investir em saneamento é direcionar recursos para uma atividade que, por sua própria natureza, contribui para aumentar a saúde da população, a escolaridade, a empregabilidade e a preservação do meio ambiente. As empresas privadas desse setor têm a responsabilidade de, com governança corporativa e ética na condução dos negócios, ir além desse impacto positivo imediato e impulsionar transformações ainda mais profundas na sociedade.
Esse é o objetivo do Relatório ESG BRK Ambiental – Visão e Impactos em Sustentabilidade. Anualmente, publicamos esse material para mostrar como os aspectos ambientais, de governança e sustentabilidade estão presentes no nosso DNA e no nosso planejamento estratégico. Apresentamos aqui também como materializamos essa estratégia para criar valor em diferentes tipos de capitais (financeiros e não financeiros), a fim de atender às expectativas de todos os públicos com os quais nos relacionamos.
Esta edição destaca os resultados e objetivos alcançados entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2020, podendo incluir eventos subsequentes relevantes para a compreensão do contexto de negócios. Para garantir a qualidade da informação que divulgamos, adotamos normas e padrões de relato internacionalmente reconhecidos pelo mercado. Este Relatório foi preparado em conformidade com as Normas GRI: opção Essencial. Além de estar aderente aos requisitos da Global Reporting Initiative (GRI), esta publicação segue as diretrizes de relato integrado do International Integrated Reporting Council (IIRC).
O conteúdo é norteado pela Matriz de Materialidade que estruturamos em 2018, em um processo de escuta e diálogo com os públicos de relacionamento. E pelos temas materiais para o setor de saneamento mapeados pela Sustainability Accounting Standard Board (SASB).
O documento também é apresentado à Rede Brasil do Pacto Global como nossa Comunicação de Progresso (COP), evidenciando como atuamos em nosso negócio para a promoção da sustentabilidade e inclusão dos princípios universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção. Para falar com a nossa companhia sobre o Relatório, envie e-mail para comunicacao@brkambiental.com.br.
Nos primeiros meses de 2020, quando publicamos a última edição de nosso Relatório ESG, afirmei que a BRK Ambiental tinha a ambição de gerar valor promovendo o desenvolvimento e a qualidade de vida da população por meio do saneamento básico.
Um ano após essa mensagem, tendo a pandemia de Covid-19 evidenciado ainda mais os impactos da falta de saneamento sobre a população mais vulnerável, tenho convicção em afirmar que avançamos na criação de um modelo de negócio resiliente, socialmente responsável e com alto impacto ESG.
Na frente ambiental, avançamos na direção de uma estratégia focada na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). No Relatório passado, ressaltei como as mudanças climáticas colocam à prova a resiliência das operações e, em 2020, avançamos de forma consistente na implementação de uma estratégia corporativa estruturada em um modelo de precificação de carbono. Com isso, assumimos uma meta inicial de reduzir as emissões de GEE em 10% até 2025, por meio de 15 projetos de mitigação a serem executados nas unidades.
Ainda no âmbito da agenda climática, fortalecemos nosso programa de eficiência energética e, no ano passado, 38% de toda a energia elétrica que consumimos foi gerada a partir de fontes renováveis – nossa meta é atingir um patamar de 50% até o final de 2021, sobretudo com a instalação de plantas fotovoltaicas para a geração de energia. Em 2020, concluímos a implementação de uma unidade no Maranhão, e outras três serão alocadas nos estados do Tocantins, de Pernambuco e de Goiás.
Nosso programa de combate às perdas permitiu que, em 2019, evitássemos o desperdício de 3,4 bilhões de litros de água. Em 2020, esse volume dobrou e preservamos 7,4 bilhões de litros, o equivalente ao consumo anual de uma cidade com 135 mil habitantes, por meio dos programas inovadores para identificação e reparo de vazamentos.
Também enfatizei, no ano passado, o impacto social positivo de nosso negócio sobre as comunidades. Diante de todos esses desafios, desempenhamos nosso papel para amenizar os efeitos da pandemia nas localidades em que atuamos. Doamos mais de R$ 2,5 milhões em equipamentos e materiais para reforçar o sistema público de saúde. Firmamos uma parceria com o Instituto Ayrton Senna para o treinamento de 45 mil professores da rede pública nas competências socioemocionais, principalmente as de resiliência emocional e abertura ao novo, essenciais para o retorno às aulas em 25 estados e no Distrito Federal
Implementamos, ainda, o piloto do projeto Water Credit, uma parceria com a Water.org, em quatro cidades que atendemos, com o objetivo de oferecer instrumentos financeiros voltados para dar acesso aos clientes de baixa renda que não estejam conectados às redes de água e esgoto. Com base nos resultados desse piloto, estruturamos o projeto para ser replicado em todas as nossas operações em 13 estados.
Avançamos em 2020 na frente de diversidade e inclusão. Definimos metas para ter 40% de mulheres em cargos de liderança e 30% de presença feminina em posições operacionais até 2024. Em todas as nossas unidades, o período de licença-maternidade foi ampliado para 180 dias. Em Recife, por meio do Projeto Reinventar, promovemos a formação profissional de 25 mulheres em situação de vulnerabilidade social, das quais 22 são refugiadas venezuelanas. O tema de equidade racial também ganha cada vez mais relevância. Assumimos o compromisso de ocupar 56% das vagas de estágio oferecidas com estudantes negros e criamos, em parceria com o Grupo Mulheres do Brasil, o programa de aceleração de carreira para profissionais negras. Com relação ao grupo de pessoas com deficiências (PCDs), estruturamos um conteúdo formativo virtual na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) para treinar todos os agentes comerciais das nossas lojas de atendimento.
Como visão de futuro na agenda ESG, concluiremos a estruturação do framework para monitorar indicadores-chave de impacto do nosso negócio nas esferas ambiental, social e de governança. Realizado com a consultoria do IDB Invest, esse modelo identifica temas centrais para impulsionar nossa gestão integrada à contribuição para o desenvolvimento sustentável. Nossa meta é alcançar a certificação como empresa ESG nas plataformas de ESG Rating reconhecidas internacionalmente. Na agenda climática, construiremos novas metas com base científica e com forte orientação para a neutralidade das emissões.
Nossa estratégia ESG está conectada com nosso crescimento inorgânico, que em 2020 se materializou com a conquista da concessão dos serviços de água e esgoto da região metropolitana de Maceió por 35 anos. Nesse período, investiremos R$ 2,6 bilhões para universalizar o saneamento em 13 municípios, incluindo a capital do estado de Alagoas. No crescimento orgânico, construímos mais de 585 quilômetros, com um investimento total de R$ 790 milhões em 2020.
Foi o trabalho contínuo de nossos funcionários que levou ao alcance das metas e dos resultados positivos em 2020. Mesmo com a gravidade do cenário, estruturamos um plano de contingenciamento da crise que permitiu a continuidade das atividades e do atendimento aos clientes, com protocolos de segurança para evitar a contaminação dos profissionais que seguiram atuando em atividades presenciais. Ao mesmo tempo, aceleramos a digitalização dos canais de atendimento, para que nossos clientes pudessem ter suas demandas atendidas com agilidade em plataformas on-line.
Agradeço a todos os funcionários da BRK Ambiental que se dedicaram ao trabalho no ano passado, conscientes do impacto positivo que nossa companhia gera para toda a sociedade. Seguiremos juntos nessa jornada de crescimento para que cada vez mais brasileiros possam ter, por meio do acesso a saneamento e água de qualidade, mais cidadania e respeito aos direitos humanos.
Teresa Vernaglia
CEO da BRK Ambiental